Aspectos Surrealistas em O Agressor, de Rosário Fusco

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Autor: Anice Mamede
Resumo:Ao debruçar-se sobre a obra do impagável Rosário Fusco, lançando novas luzes sobre um gênio incompreendido da literatura brasileira, Anice Mamede contribui para o resgate de um autor, crítico e ensaísta instigantes. Sua obra, pela importância estética; e suas opiniões, pela agudeza, coerência e alta voltagem polêmica, merecem ser revisitadas como referenciais permanentes e elementos formadores da inteligência e bibliografia nacionais. Trata-se de um mergulho arqueológico em que se contextualiza o universo literário de Rosário Fusco sob a perspectiva dos movimentos históricos, políticos, sociais e artísticos que regeram sua época e influenciaram sua obra e pensamento. Distinguindo-se por uma produção ficcional e ensaística reconhecidamente marcante, como se pode colher da opinião de abalizados críticos coligida neste trabalho, a obra de Fusco é tributária dos ares renovadores e das rupturas propostas pelo Modernismo, cujo eco se fez manifestar em Cataguases com os signatários da revista Verde (1927-29), ponto de ebulição de uma juventude que havia incorporado os valores deflagrados pela Semana de 22. O debate instaurado nesta tese, em torno do universo estético de Rosário Fusco, culmina na particularização do romance O Agressor. A autora suscita aspectos importantes do livro: sua condição de prosa visceral, permeada de recursos narrativos e sutilezas estilísticas. Aponta o viés psicológico na abordagem do delírio, do alheamento e da insularidade que caracterizam os personagens na história que transita entre o onírico e o real. O inquieto Rosário Fusco se vê ressuscitado na fiel abordagem que ressalta os influxos surrealistas de sua obra, tão caudalosa, vulcânica e indispensável, como foi sua vida. E mais que nunca, Anice Mamede chama a atenção para o vulto que ele foi, hoje injustamente esquecido, porém cada dia mais atual. E a (re)leitura dos livros de Fusco nos ajuda a entender, a partir do absurdo, do imponderável e do inusitado, o Brasil que agride seu intelectuais pela falta de consciência e memória.