Passagem para a Modernidade

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Autor: Joaquim Branco
Resumo:Esta obra vem preencher uma lacuna nos estudos de Literatura Brasileira, ao trazer à tona a memória do movimento Verde, que revolucionou o pensamento estético doas anos 20 no interior mineiro, estendendo-se além das fronteiras nacionais. A significativa presença do movimento Verde, nascido em Cataguases, no interior de Minas Gerais, até os nossos dias, ali vem desencadeando várias outras tendências estéticas e culturais, revelando uma face antagônica desta cidade-monumento da modernidade. Nestas páginas, Joaquim Branco recompõe os momentos significativos da história do pensamento modernista, nascente nos anos 20, em Cataguases, pacata cidade que marcou presença nessa “passagem” para uma nova história do pensamento artístico e literário brasileiro e universal. Num extraordinário trabalho de garimpagem, o autor resgata a memória poética e cultural do interior mineiro nos jornais, revistas e arquivos cataguasenses da época, nos interessantes registros dos álbuns de recordações e poesias, em entrevistas e depoimentos – muitos, pessoais, do próprio JB – e mesmo nas ‘poesias de almanaque’…Poeta, crítico e professor cataguasense, Joaquim Branco soube, com extraordinária maestria, acolher, assimilar dos Verdes de Cataguases o espírito da modernidade, transgressor e experimentalista. Tendo convivido pessoalmente com alguns dos “Ases de Cataguases” – Enrique de Resende, Francisco Inácio Peixoto, Guilhermino César, Martins Mendes e Rosário Fusco -, JB vai desenrolando o fio desse novelo cultural, enquanto se revela ao leitor… ele mesmo, leitor apaixonado das veias da poesia-vida, que percorrem a sua trajetória existencial e poética. O olhar crítico, atento e aguçado, a palavra exata, a cumplicidade com o pensamento transgressor e incômodo dos Verdes, os depoimentos e a experiência pessoais, vêm acrescentar um novo e interessante enfoque à leitura do fenômeno artístico-cultural da década de 20. A linguagem fluente e elegante do poeta revela a sua intimidade com a palavra; pela correção e precisão lingüísticas, por seu texto de leitura agradável, que se faz testemunho do participante ativo da história do movimento literário-cultural cataguasense. Merecem, ainda, destaque na obra: o confronto e a confluência da Verde e dos Verdes com outros movimentos nacionais e internacionais, destacando-se a diferença do traçado mineiro modernista, e o documentário biográfico e iconográfico que JB recolheu e recompôs cuidadosamente do baú da história. Enfim, o testemunho-memória de um convívio íntimo com a Poesia traz-nos uma herança viva da revista Verde, atualizada e eternizada no documentário mais completo dos nossos dias sobre a memória dos Ases de Cataguases…

Os Verdes não dormem mais
na memória esquecida da Verde.
Saltaram, irreverentes,
das páginas amareladas da História,
e hoje confabulam novas peripécias
pelas mãos inquietas de JB…

Francis Paulina Lopes da Silva
Professora Adjunta do DLA/UFV