Livro dos Poemas

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Autor: Francisco Marcelo Cabral
Resumo:Sou cataguasense, safra 1930, aprendi a ler sozinho, me ensinaram a escrever, primeiro, minhas professoras D. Ruymar, D. Sílvia e D. Lyra; depois o professor Gradim… e muitos outros professores, cada qual muito interessado em me afastar das “trevas” da ignorância, porque certamente eu era mais ignorante do que eles. E isso parece que os incomodava, porque todos estiveram muito envolvidos nesse processo de treinamento, pelo qual, talvez sem o perceber, tentaram me passar uma concepção de mundo, sacralizada por sua expressão em palavras escritas, que eu deveria reverenciar como definitivas marcas concretas da realidade. Acho que eu não aprendi bem essas sábias lições e a primeira questão fundamental com que me deparei (e quase parei) foi descobrir que as palavras são portas de saída mas não de entrada, e que a emoção ou conceito, presentes num texto, são de quem o lê e não mais apenas de quem o escreveu. Por isso, inclui neste livro trechos de cartas pessoais que, a meu ver – melhor do que críticas formais -, permitem avaliar em que medida os textos propostos em meus poemas deflagraram nos meus escassos-mas-seletos leitores emoções ao menos assemelhadas às que eu pretendi “passar”. O Humberto Ribeiro, que bateu a foto que ilumina estas orelhas, me perguntou se este era o meu primeiro livro. Brinquei, que sim. E vi que estava sendo verdadeiro. Este “Livro dos Poemas” é de fato meu primeiro livro, editado, composto, impresso e lançado segundo todos os ritos e costumes. Porque, vejam bem. “O Centauro”, com capa de Luciano Maurício, foi uma edição (do pai) do Autor, distribuída à la diable. “Inexílio”, graficamente realizado pelo trio Ronaldo Werneck, José Maria Dias da Cruz e Adriana Monteiro, foi impresso na gráfica de um amigo, para ser distribuído ao deus-dará na festa de aniversário do Chico Peixoto, a quem é dedicado. “Baile de Câmara” foi todo composto e impresso por mim, em papel importado, que só deu para 45 exemplares. O livro não era assinado pelo Autor, que apenas se reservava o copyright. Chamei a essa brincadeira editorial de “Edição Sub Rosa”. Impresso por mim, O “Poema em 3 Cantos” foi distribuído aos amigos presentes à festa de meus 70 anos.