Cidadania construida com reciclagem

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Projeto TEAR participa do Festival Lixo e Cidadania ao lado de Leonardo Boff.
O projeto e ponto de Cultura TEAR de Cultura e Cidadania, mantido pelo Instituto Francisca de Souza Peixoto em parceira com o Governo Federal, por meio do programa Cultura Viva, encerrou suas atividades com uma visita técnica ao 7º Festival do Lixo e Cidadania, promovido pela ASMARE (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclado), Cataunidos e Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, realizado em Belo Horizonte entre os dias 02 a 06 de setembro.

Uma iniciativa da coordenação do TEAR, juntamente com o Sebrae –Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas e Médias Empresas, levou 30 oficineiros à capital mineira com o objetivo de mostrá-los associações e produtos ligados à arte da reciclagem. “Essa integração entre os oficineiros traz conhecimento. Observar esse associativismo é fundamental, é um novo horizonte para avançar na qualidade dos produtos e no mercado”, diz o Técnico Regional do Sebrae, Marco Antônio Mendonça.

“Levar os artesãos do TEAR para Belo Horizonte e participar do Festival é dar a eles a oportunidade de se sentirem atuantes e transformadores. Essa viagem concede a eles um sentimento de pertencimento e de responsabilidade do comércio justo”, comenta a coordenadora do TEAR, Liliane Mendonça.

O Festival

Os oficineiros do Insituto estiveram presentes no segundo dia do evento. Quando foram discutidos os 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos e a Conjuntura no Mundo Globalizado. Dentre os conferencistas desse dia estava o Teólogo Leonardo Boff, também doutor honoris causa em Política. “Precisamos defender a vida da Terra, esse é o maior desafio atual. Para isso todas as coisas da natureza devem ser respeitadas, pois dependemos dela e somos parte dela, é o que chamo de democracia sócio-cósmica”.

A fala do pai da Teologia da Libertação vai de encontro com as atividades das quase mil pessoas presentes no evento. A transformação do lixo em arte e outros materiais úteis ao homem era o foco principal do Festival do Lixo e Cidadania, a capacidade das associações formadas para reciclar o que parecia perdido gera união entre as pessoas, educação e renda. “Meu grupo possui 50 integrantes, trabalhamos com plástico, o transformamos em um produto granulado que chamamos de Pellet, e daí vedemos para empresas que necessitam dessa matéria”, fala Marli de Oliveira, catadora de lixo que faz parte da Cataunidos, uma cooperativa que se divide em nove associações de diferentes municípios mineiros, todas com o objetivo de reciclar e socializar.

“É superinteressante estar em um evento como esse. Vi coisas simples feitas com materiais que já utilizamos no Instituto, porém trabalhadas de formas diferentes, além de ouvir de pessoas que estão na vanguarda da discussão sobre a qualidade de vida no mundo, que estamos no caminho certo”, reflete Graziela Amorim, coordenadora do projeto Mundo Meu – Meio Ambiente para a Sustentabilidade, que faz parte do TEAR. Ela também trabalha com a educação ambiental no Instituto e sabe da importância de tornar as novas gerações mais conscientes do seu papel no mundo globalizado.

A cura do planeta

Em uma entrevista sobre o programa de educação ambiental do Instituto, Leonardo Boff colocou a seguinte observação: “A Terra está com febre e essa febre não é uma doença de morte. Sempre comparo nosso planeta com um ser humano, pense bem, nos temos condições de nos tratar. A maneira de tratar a Terra é começarmos a cuidar de nós próprios, esquecer o consumismo e os maus tratos. Estamos preocupados com a situação atual, mas o que acontece ainda não é uma tragédia, porque existem os médicos, como vocês, que acreditam que a educação é o melhor remédio”.