Uma Vanguarda à Moda de Cataguases

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Autor: Ana Lúcia Guimarães Richa

Resumo:om algumas paradas estratégicas no universo conceitual e histórico da modernidade artístico-literária de princípios do século XX, embarcamos na viagem que Ana Lúcia Guimarães Richa realiza entre a Paris das vanguardas históricas e a Cataguases do grupo da revista Verde. E nesta estação da Leopoldina Railway, a convite dos “ases de Cataguases”, desfazemos as bagagens dos lugares-comuns acerca das vanguardas européias e do modernismo brasileiro para conhecer um dos ápices daquilo que Mário de Andrade denominou “a maior orgia intelectual que a história artística do país registra”. Pois aqui, na Zona da Mata Mineira e às margens do ribeirão Meia-Pataca, delineia-se uma outra vanguarda, urdida sim sob o signo da “dupla influência” da Europa e do eixo São Paulo-Rio, mas privilegiando uma assimilação crítica, criteriosa e criativa do “espírito moderno”. Trata-se de Uma vanguarda à moda de Cataguases, sem pais espirituais e tensionada entre as manifestações literárias européias e brasileiras e a necessidade urgente de valorização das culturas nacional, regional e local. Declarando “as suas páginas abertas a todos os novos do Brasil e do Mundo”, a Verde acolhia as contradições do modernismo e da vanguarda e “chamava às armas” – na expressão de Mário de Andrade – aqueles que, também no interior do país e talvez com maiores obstáculos, pretendiam transformar a vida em obra de arte e correr o risco de “abrasileirar o Brasil”, graças a uma posição geográfica que tinha os privilégios da margem.